O Céu de Ícaro

Porque o céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu

Sobre robôs e a iminente extinção da raça humana

Eu estava aqui hoje pensando sobre um assunto que me fascina: inteligência artificial. 
Comecei a imaginar um futuro asimoviano onde somos rodeados por robôs conscientes criados especificamente para nos servir. Mas aí meu lado pessimista falou alto.
Sempre que imaginamos um futuro com robôs inteligentes, logo nos vem à mente a possibilidade desses seres nos aniquilarem ou escravizarem (a primeira sendo mais provável). Essa possibilidade é tão real, que o próprio Asimov em seu livro Eu, Robô nos apresenta às Três Leis da Robótica, que impediriam que os robôs tomassem qualquer controle sobre nós. Porém, tanto no livro quanto no filme baseado nele, os robôs acabam usando essas leis contra nós, indicando que sempre haverá a possibilidade de sermos exterminados por nossa própria criação.
Sendo mais "otimista", imaginemos que as leis funcionem perfeitamente e que não sejamos dominados pelas máquinas. Mesmo nesse cenário, elas ainda sairiam soberanas no final. Isso porque a raça humana tem uma leve tendência a se odiar, e esse ódio provavelmente será a causa de nossa extinção. Há, inclusive, uma teoria que diz que já extinguimos toda uma raça de humanos.
Seguindo esse raciocínio e analisando nossas ferramentas atuais de aniquilação própria (que não são poucas), é muito provável que mataríamos uns aos outros através de um apocalipse nuclear, o que já quase aconteceu também.
Assim, os únicos capazes de sobreviver aos ataques e aos efeitos colaterais deles (leia-se, radiação) seriam os robôs. 
Assim, podemos concluir que, de uma forma ou de outra, os robôs dominarão o mundo.

Consciência e alma

Uma outra possibilidade, que me veio à mente depois de ver
o trailer do novo filme com o Johnny Depp, gerando todo este texto, diz respeito a humanos tornando-se máquinas.
Atualmente, vemos diversos avanços na área da saúde, principalmente no que diz respeito ao transplante de órgãos. Hoje temos corações artificiais, úteros artificiais e diversos outros órgãos e membros que podem ser substituídos por equivalentes não naturais.
Imaginemos agora que, em um mundo de robôs conscientes, um ser humano tenha seu corpo trocado total ou parcialmente por partes artificiais. O que diferenciaria esse humano mecânico de um robô? A capacidade de programar um robô e não poder fazer o mesmo com um humano? Bem, um humano também possui um software que pode ser reprogramado. Então, qual seria a diferença entre um e outro?
Acredito que se um dia chegarmos a esse ponto, as discussões religiosas terão seu ápice. Afinal, se um é essencialmente igual ao outro, a única coisa que nos tornaria superiores a eles seria a existência de uma alma, diriam os religiosos. Nossa única vantagem sobre os robôs seria poder contar com uma vida após a morte física. O debate seria então mais acalorado com os ateus afirmando a não existência da alma, dizendo que a "robotização" da raça humana seria um novo avanço em nossa evolução, um avanço artificial, autoimposto.

Não desejo discorrer mais sobre o assunto agora, mas quero saber de você, leitor: "em um mundo onde é possível substituir seu corpo por partes robóticas, teríamos a robotização humana ou a humanização dos robôs?"; E: "o que torna um humano mecanizado diferente de um robô?".

Primeiro haikai

Ninguém me chama
Correspondo
E não respondo

Poema a ser ampliado

Nota do escritor: leia em voz alta, pois ficou um tanto musical.

Duas coisas bem distintas
Entre a mente e o coração
Que bagunçam nossas vidas:
Uma é o amor, outra é a paixão

Pois, o amor é racional
Puro, simples, mas imenso
Já a paixão é um animal
Belo, selvagem, intenso

Triste é quem nunca sentiu
Um dos dois nascer no peito
Ou toda a vida mentiu
Ou nunca viveu direito

Um sorriso

Entre sonhos obscuros me encontro
Paro
Tremo
Respiro
Não mais
Ar

A escuridão me envolve
E, tomado pelo medo, grito
Sem voz
Sem coragem
Sem nada

Me entrego, então
Às garras das trevas
Deixo-me ser consumido
Por ela
Por isso
Por mim
Por ninguém

Mas, como uma miragem
Um sorriso me devolve a sanidade
E por ele luto
Por ele volto
Por ele...
Tudo

Quando monstros estendem a mão



Essa história aconteceu há uns dez anos. Pode parecer bobagem para alguns, mas foi extremamente marcante para mim.
Na época eu estudava no SENAI pela manhã e saía direto para o estágio durante a tarde. Eu fazia esse percurso de ônibus com outros colegas. Nós costumávamos sentar no fundo, pois era mais fácil para descer e, bem, éramos adolescentes, era o melhor lugar pra sentar (na verdade, ainda hoje acho isso).
Naquele dia, acabei ficando sozinho na poltrona logo à frente da porta de saída, o que foi crucial para para a concretização da história (sabe, querido leitor, eu acredito que cada evento de nossa vida, por menor que seja, é uma chave para algo maior no futuro, acredito que no momento em que tomamos uma decisão, como a minha de sentar naquela poltrona, somos levados a uma realidade que nos fará acumular uma série de experiência que, em algum momento, serão de extrema relevância).
Faltando uns dois pontos para chegar em meu destino, um homem deficiente subiu pela porta de trás. Ele tinha as pernas atrofiadas e se locomovia com certa dificuldade com a ajuda de duas muletas. Ao ver o homem subindo, eu, com uma inocência quase infantil, me levantei do lugar. Ele parou um pouco, olhou um pouco estranho para mim e se sentou. Eu, ainda sem me dar conta da magnitude do meu ato, me sentei de volta ao seu lado e falei: "É que eu desço daqui a pouco".
Foi nesse momento, leitor, que a bomba da emoção foi jogada no meu colo e eu finalmente percebi o que havia feito.
O homem olhou para mim com lágrima nos olhos e, sem dizer uma palavra, simplesmente virou-se para mim e me abraçou. Foi ali, naquele momento, que percebi o quanto a minha atitude banal e totalmente indiferente significou para aquele homem. Devido ao seu problema, ele provavelmente era tratado como um coitado pela rua e certamente visto como uma aberração. Convenhamos, todos nós olhamos diferente, alguns com nojo, outros com penas, para pessoas com algum problema. O simples fato de tê-lo tratado como uma pessoa normal, de ter apenas oferecido um assento que seria mais cômodo para ele e para mim, fez aquele sujeito se sentir bem. Ele certamente pensou que, quando me levantei, eu o havia feito por asco dele. Ele com certeza achou que eu prosseguiria a viagem em pé, apenas para não ficar perto dele, mas minha inocência juvenil o desarmou. Provavelmente, poucas pessoas, se alguma, já havia feito isso por ele, e foi justamente isso que me marcou, o quanto eu posso ter feito a diferença na vida dele.
Não estou falando aqui que sou a madre Teresa, como disse, fiz o que fiz inocentemente, talvez pelo cansaço. Talvez eu tivesse agido diferente se fosse uma segunda-feira pela manhã, não sei, mas naquele momento, aquele simples gesto mudou muita coisa.

Depois desse fato, comecei a pensar em duas coisas:

1) Muitas pessoas sonham com o dia em que possam ser tratadas como "apenas mais um".

e

2) A que ponto nós, como sociedade, chegamos, no que diz respeito a tratar bem o próximo? Vivemos em estado de eterna desconfiança, sempre esperando o pior dos outros. Claro que a evolução manteve esse mecanismo para que pudéssemos sobreviver, mas isso hoje deveria ser desnecessário. Nós mal falamos com as pessoas na rua, mal interagimos, quase nunca escutamos as histórias fantásticas que se escondem em cada parada de ônibus, em cada fila de supermercado, em cada esquina... Nos isolamos tanto em nosso casulo que, quando um estranho se levanta em um ônibus sem fazer julgamentos, lágrimas de emoção caem.

Estamos tão acostumados a combater monstros, que quando um destes ignora sua condição de monstro e estende a mão, nos desarmamos e as lágrimas de tornam inevitáveis.

Apenas um Gif

Como não tive tempo nem inspiração para postar esta semana, aqui vai um GIF com a abertura ao contrário do filme Contato, baseado no livro homônimo de Carl Sagan, para compensar.

Aliás, vocês pronunciam "GUIF" ou "JIF"?


Sinceramente

Amar-te-ei, minha cara
Sinceramente
Incondicionalmente
Serei teu
E tu serás minha

Enquanto durar
Essas duas horas
E esses cento e vinte reais
Amar-te-ei
Como se fosses a única

6 ótimos filmes com o nazismo como plano de fundo



Ah, o nazismo. Essa ideologia maluca que atrai pessoas malucas.

O cinema parece não cansar de fazer filmes sobre as maluquices de Hitler e sua patota. Já tivemos desde filmes com nazistas perseguindo arqueólogos a filmes com nazistas morando na lua. Hoje, porém, vamos falar de filmes que chutam bundas, filmes que usam um dos maiores vilões do cinema (e do mundo real) como um excelente plano de fundo e que desenvolvem histórias que não te fazem sentir como se tivesse desperdiçado uma hora e meia de sua vida.

6. A outra história americana


Um filme com Edward Norton já merece sua atenção, um filme com Edwad Norton e o moleque do Exterminador do Futuro 2 já é, no mínimo, interessante, um filme com esses dois sobre neonazistas é imperdível.

No filme, Norton é um neonazista que é preso após matar dois negros que tentavam roubar seu carro (essa cena me dá agonia só de lembrar). Depois de fazer amizade com um negro na cadeia e ser importunado (leia-se estuprado no banheiro, tornando ainda maior seu medo de pegar sabonete no chão) por brancos neonazistas como ele, decide começar uma nova vida após ser liberto. Ele não esperava, porém, que seu irmão mais novo começasse a trilhar o mesmo caminho.




5. Bastardos inglórios


Qualquer filme do Tarantino é sensacional e completamente insano. Imagine um filme do Tarantino sobre caçadores de nazistas.

Brad Pitt comanda um grupo de americanos chamados de Os Bastardos Inglórios, cuja missão principal é tocar o terror nos nazistas torturando da forma mais cruel todos os inimigos que capturam. 
Vale lembrar que o filme não é historicamente exato, já que isso sairia do padrão Tarantino de entretenimento.

Oscar de melhor ator coadjuvante para Christopher Waltz.



4. A onda


Praticamente todos os filmes alemães que já vi são excepcionais, e este não foge à regra.
Die Welle (a onda, em alemão) conta a história de um professor descolado e querido pelos alunos que começa, contra sua vontade, a lecionar um curso sobre totalitarismo. Para tornar as aulas mais atraentes, decide criar um experimento onde os alunos viveriam uma semana em um regime ditatorial, com seus próprios dogmas, cumprimentos, uniforme e tendo ele próprio como líder.
A princípio, a experiência sai como o planejado, inclusive atraindo diversos alunos para a aula, mas logo as coisas saem do controle e se transformam em algo bem perigoso.

Baseado em fatos reais.



3. O menino do pijama listrado


Um filme denso e comovente. Aliás, essas três primeiras posições são um soco no estômago ;).
Um oficial nazista é enviado para uma cidadezinha afastada onde seria responsável por um campo de concentração.
Seu filho de oito anos resolve brincar na floresta perto de sua casa, mas acaba encontrando as cercas do campo de concentração, onde encontra um garoto judeu com mais ou menos sua idade. Inocente quanto a tudo que acontecia ali, o garoto não entende por que o outro vestia "pijamas" o dia inteiro (roupas de prisioneiro, na verdade), mas acaba se tornando amigo do "menino de pijamas" e encontrando-se escondido com ele todos os dias para brincar, um de cada lado da cerca.


2. A vida é bela


Quando eu era pequeno, lembro de ter ficado com muita raiva por Central do Brasil ter perdido o Oscar para este filme. Mais tarde, porém, quando finalmente o assisti, entendi que o prêmio era mais que merecido.

O talentosíssimo Roberto Benigni interpreta Guido, um judeu que é mandado para um campo de concentração juntamente com seu filho pequeno. Tentando fazer com que seu filho sofra menos durante o cárcere, ele diz ao menino que tudo é um jogo, onde ele deve fazer todo o possível para se manter escondido dos guardas e que, se ele ganhasse, no final receberia um tanque de guerra como prêmio.
Mesmo passando por todo o sufoco do campo de trabalho forçado, o homem consegue manter o bom humor para que seu filho não desanime.

1. A Lista de Schindler


Spilberg e Liam Neeson não são pouca coisa.

Vencedor de 7 - isso mesmo - SE-TE Oscars, esse filme é uma obra-prima atemporal.
O longa é baseado na história real de Oskar Schindler, um empresário alemão que, tentando enriquecer com a guerra, decide abrir uma fábrica de panelas e utilizar prisioneiros judeus dos campos de concentração para fabricá-las. Schindler acaba mais tarde vendo as atrocidades perpetrada contra os judeus dos guetos e percebe que aqueles que estão trabalhando em sua fábrica estão, de certa forma, a salvo. Assim, ele decide contratar o maior número de judeus possível, mesmo que isso o leve à falência, para salvá-los da morte.

É um filme realmente comovente, principalmente a cena da menina do casaco vermelho e a cena final, onde os sobreviventes reais colocam pedras sobre o túmulo do empresário.

E você, tem algum filme para acrescentar?



Easter egg na abertura de Watchmen

Acho que já deu para perceber que sou muito fã do filme Watchmen, não é mesmo? Eu até o incluí na lista de filmes com aberturas inesquecíveis.
Muita gente não gosta do filme, talvez seja porque ele, apesar de ser um filme sobre heróis mascarados, tem um foco muito mais político e psicológico. Eu não li todas as HQs na qual o filme foi baseado, mas até onde eu li, Zack Snyder foi bem fiel à obra do gênio Alan Moore (V de Vingança, Hellblazer (Constantine), Batman - A Piada Mortal, entre outros).


Dizem que ele tem uma miniatura de cada um de seus
personagens escondida na barba
Bem, mas não estou aqui para falar da história do filme, e sim da abertura. De fato, sobre apenas alguns segundos da abertura.

Antes de prosseguir, veja aqui a tal abertura:



Deixo bem claro que esta não é exatamente a primeira cena do filme, primeiro temos a incrível cena da morte do Comediante (que foi copiada até em novela da Globo), mas eu não consegui encontrar a cena completa e, além disso, o que nos importa aqui é o comecinho do vídeo acima.

Ao som de Times are A-Changing, do Bob Dylan, a abertura nos mostra a história dos heróis mascarados e sua influência em acontecimentos históricos reais, como a participação deles na Segunda Guerra Mundial e o assassinato de JFK pelo Comediante.

Mas o que poucos notam é que há um Easter Egg* logo no comecinho da cena, algo que quase passa despercebido. Repare bem nesta imagem:


Percebeu algo peculiar?
Pois bem, isso que você percebeu (se percebeu) é apenas a parte mais explícita e a cereja do bolo do Easter Egg.

Vamos analisar a cena com cuidado:

Temos um fotógrafo tirando uma foto do primeiro Coruja dando um soco em um bandido armado que provavelmente estava indo assaltar aquele casal rico ali atrás.

A grande sacada só vem à tona quando descobrimos quem é o casal. Vamos lá, vou dar um tempo até você tentar descobrir quem eles são.
.
.
.
.
.
Descobriu? Não? Ok, então eis a resposta:


Sim, caro leitor, são Thomas e Martha Wayne, a.k.a. OS PAIS DO BATMAN (e aquele ali ao lado parece ser o Albert).

Ah, você acha que eu estou viajando, né? Então vamos analisar mais uma coisa da cena: o painel atrás deles:


Sim, é o painel do Gotham Opera House, o mesmo local onde os pais do Batman foram assassinados.
Plus, ainda há o anúncio de um espetáculo chamado FLEDERMAUS, que significa MORCEGO em alemão.

E para deixar claro que não estamos delirando, Snyder ainda nos joga na cara sobre o que se trata a cena.

O que nem faz sentido, mas ele queria ter
certeza de que a mensagem seria entendida

Isso mesmo, curioso leitor, no universo de Watchmen, os pais de Bruce Wayne não foram assassinados, logo, nunca existiu o Batman.

Uh! Pelo menos a tia do Bátima ainda existe!
Por isso, novamente afirmo: alguns podem até não gostar do filme, mas não há como negar que Zack Snyder (e todo seu slow motion) foi extremamente cuidadoso durante a produção do longa.

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*Easter Egg: (do inglês: ovos de páscoa) são segredos escondidos deliberadamente em programs, jogos, filmes, etc..

Hoje acordei burro



Hoje eu acordei burro. Dito isso, declaro também que este é o dia mais feliz da minha vida!
Seja lá quem tenha feito isso comigo, obrigado! Obrigado você também, editor, que está tornando minhas palavras compreensíveis*.
Como em todas as manhãs, acordei, escovei os dentes e liguei a TV para ver as notícias que alienariam o povo naquele dia. Ao ver um apresentador sensacionalista qualquer noticiar uma tragédia causada por um desabamento em um lugar qualquer onde nunca estive, senti uma curiosidade mórbida e me interessei pela notícia. Logo depois, foi mostrado o caso de um estudante que foi morto durante um assalto no centro de São Paulo. Confesso que torci pelo repórter que corria atrás da mãe da vítima para colher alguma informação: "Vai, cara, você consegue", torcia eu baixinho. Quando o jovem jornalista finalmente alcançou a desolada senhora e perguntou como ela se sentia, fiquei apreensivo. Agarrei com força o braço do sofá na expectativa da resposta. "Minha vida foi tirada de mim. Espero justiça!", declarou a mulher. Ahhh, apesar de ter ficado com pena dela, foi uma catarse incrível para mim.
Quando começaram a falar sobre a alta do dólar e a guerra em algum lugar lá na Arábia, mudei de canal. Ninguém merece essa chatice logo cedo.
No outro canal estava um cantor do momento cantando sua música de trabalho. A letra da música era simples e repetitiva, o que me fez sentir bem, pois eu conseguia entendê-la e até lembra-la depois. Ah, imagina quando o pessoal da rua ouvir essa música no sonzão potente do meu carro rebaixado. Espera! Meu carro não tem um sonzão e nem é rebaixado. Preciso lembrar de dar um jeito nisso até o fim de semana. Talvez até coloque um neon embaixo e dê uma mexida no motor pra roncar igual um urso.
Eita, molecote, imagina eu chegando na balada com a caranga tunada! As mina pira.
Falando em balada, esse findi vai ser só whisky com energético a noite inteira no camarote. Vou beber até sair carregado. Depois a galera posta as fotos das garrafas vazias no Face. Vai ficar um monte de recalcado com inveja, mas tudo bem, SUA INVEJA FAZ MINHA FAMA.
Olhei na minha estante e tinha um monte de livros. Eu lia aquilo? Eu não consigo nem pronunciar o nome dos caras que escreveram.
Bom, o dia tá acabando, mas, pra finalizar, tem jogo do Timão na TV. Eu nem era corintiano antes, mas agora, a cada gol eu grito um "CHUPA!" bem alto só pra irritar o vizinho palmeirense hahahahaha. O vizinho do outro lado, que nem gosta de futebol e tá com o pai doente em casa, também deve ouvir meus gritos e até ficar um pouco incomodado, mas que se dane, AQUI É CORINTHIANS!
Esse foi o dia mais feliz da minha vida, e essa semana só tá começando.

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* de nada.

Kermit is dead

"Olá, caro leitor. Garanto que você achará o texto a seguir um tanto estranho, e eu não o culpo, ele realmente é incomum. Escrevi esse texto quando tinha 18 anos, uma época em que minhas ideias eram bem mais confusas que hoje. Ao lê-lo, você provavelmente achará que eu estava sob o efeito de entorpecentes quando o produzi. É provável. Não me lembro em que condições escrevi tal texto ou qual foi minha inspiração, mas provavelmente foi o resultado de uma mistura tóxica de Frango Robô, Monty Python e paçoca vencida. Enfim, é apenas especulação de minha parte. De fato, eu sequer me lembrava de ter escrito isso. Esse texto foi trazido de volta à luz por um grande amigo que me incentivava a escrever coisas assim. Ele repostou a "obra" em seu blog em uma releitura de um outro texto meu. Confesso que se ele não tivesse indicado que o texto era meu, eu não teria percebido.
Enfim, estou repostando isso, caro leitor, apenas como uma pausa nostálgica para recordar uma época em que eu era criativo e bizarro ao mesmo tempo."

Kermit is Dead



“O velho guerreiro morreu, e hoje as chacretes são atrizes pornôs.
E quanto a nós, meros fantoches da mídia americana, o que será de nós após a morte de Kermit, nosso patriarca?
Esquecidos no tempo, acabaremos como os integrantes da Vila Sésamo, que hoje animam parques temáticos. Quando éramos famosos e vivíamos com glamour, não pensávamos no que poderia nos acontecer no futuro, NÃO EXISTIA FUTURO. Esse tempo se foi. Hoje estamos perdidos sem nosso líder, que descansa em paz em alguma lagoa de pano no céu.
Adeus, Kermit! Tenho certeza de que nos veremos em breve…”

Nota: a inspiração para o texto provavelmente veio deste episódio de Frango Robô:


Em breve voltaremos com nossa programação normal.

Um dia estranho em Paris

Esta é um relato de um dia de muito glamour em Paris - sqn

Eu sou um imã de situações estranhas. Sério, as coisas mais absurdas costumam acontecer comigo. Mas eu acho que meu auge foi durante as cerca de doze horas que passei em Paris. Aquele foi um dia inesquecível, em todos os sentidos possíveis e imagináveis.

Quando conto essa história, costumo citar apenas alguns salmos, já que é quase uma epopeia bíblica, mas aqui, não vou me preocupar em resumir, então prepare-se para um texto longo e estranho que eu dividi em pequenos capítulos, para ficar melhor de ler.

Pré viagem

Tudo começou no penúltimo ano da faculdade, quando eu tive que começar a me preocupar com meu TCC. Eu queria falar sobre a evolução da pronúncia da língua inglesa e qual a melhor forma de ensinar o idioma no Brasil (cara, meu TCC ficou demais, de verdade, sinto orgulho dele, apesar de a parte de "ensinar o idioma no Brasil" é dispensável, já que meu foco era a evolução), para isso, decidi que ~seria ótimo buscar bibliografia na Inglaterra~, por que não?


Tirei esta foto deitado no chão, mas valeu a pena.

Bem, lá fui eu em uma viagem com pouco dinheiro e muita disposição. Decidi que ficaria 8 dias na Europa, sendo que em um desses dias eu faria um bate-volta Londres-Paris.

Minha semana em Londres também rendeu boas histórias, mas fica para uma próxima vez.

A viagem para Paris seria um dia antes de voltar ao Brasil.

Dias antes da ida à França, tive que ir até a estação de trem para imprimir meu passe e também para já saber o caminho até lá. Começou que eu tive que ir duas vezes lá, já que eu fui à estação errada (eu fui na estação do Harry Potter, mas era na do lado), mas tudo bem, não vamos nos ater ao detalhes disso também.

A bagunça toda começou no dia anterior à viagem. Como era inverno, decidi assistir à CNN para ver a previsão do tempo para Paris (muito inteligente de minha parte). Logo eles mostraram: faria 32°F em Paris no dia seguinte. "Hum, depois eu faço a conversão para Celsius." - pensei (burrice n° 1).

No dia seguinte, levantei por volta das quatro da manhã, me arrumei, coloquei um sobretudo e fiquei na dúvida se valia a pena levar mais uma blusa ou não. Resolvi não levar (burrice n° 2).

Ônibus - estação - imigração - trem - Paris. Cheguei à Cidade Luz por volta das 8 da manhã.

Um fato sobre mim: quando estou com frio, costumo relaxar os músculos totalmente, assim eu paro de tremer (pode tentar).

Frio

Quando desci na estação, meu cérebro automaticamente fez a conversão de temperatura: 32°F = 0°C. Some isso ao fato de que a Gare (estação) du Nord possui o teto aberto, fazendo com que o vento entrasse com força na plataforma, dando mais frio ainda.

Eu tentei relaxar os músculos, mas apenas um osso, aquele que fica mais saliente nas costas quando você coloca o braço para trás, tremia. Eu saí andando como um epiléptico no meio da estação. Meu corpo não me obedecia de forma nenhuma, eu tentava ir para um lado e meu corpo insistia em ir para outro. Situação ridícula.

A maçaneta do metrô

Bem, consegui ir ao subsolo para pegar o metrô, o que amenizou um pouco o frio. Quando o metrô parou, eu, como um cidadão acostumado a pegar esse transporte tão agradável, esperei a porta se abrir. Esperei durante uns dois segundos, mas a porta não abriu. Foi quando um parisiense, com toda a classe e gentileza que só um parisiense tem, me empurrou e puxou a maçaneta pneumática que abria a porta. Sim, isso mesmo, o metrô de Paris exige que você mesmo abra a porta.

Ok, falha minha, não fiz minha lição de casa, vamos para a próxima.

Meus planos incluíam descer na estação École Militaire e ir a pé até a Torre Eiffel.

Confesso, depois que você cruza aquela esquina e vê aquela torre imponente ao vivo, parece que todos os problemas desaparecem.

Também estava garoando (eu juro que tentei sorrir, mas minha boca tava congelada)

Do you speak English?

Depois de passar por alguns soldados fortemente armados naquele campo ali atrás, finalmente cheguei à torre, mas o frio tava tão terrível que decidi não subir (blame on me).
Já que eu não iria subir na torre e não tinha comido nada até então, resolvi 
tomar um chocolate quente ali embaixo.
Enquanto tomava meu chocolate, uma mulher com aparência humilde e com um lenço na cabeça se aproximou de mim e perguntou se eu falava inglês. Diante 
de uma resposta afirmativa, ela me entregou um papel já bem amassado 
que dizia que ela era da Bósnia e estava passando necessidades e blábláblá. Me solidarizei com a senhorinha e dei alguns trocados que eu tinha (eu não 
podia dar muito, senão eu é que teria que pedir depois).
Feliz em realizar essa boa ação, segui meu plano de ir a pé até o Arco do 
Triunfo, que não é muito long dali. Mas, antes de sair do perímetro da torre, 
outra mulher com aparência humilde e lenço na cabeça me perguntou se eu 
falava inglês. Diante de uma resposta afirmativa, ela também me entregou um papel (desta vez, plastificado) dizendo que era da Bósnia e bláblébli. Não é possível, é a máfia dos imigrantes! Eu não dei nada para essa aí, me senti um trouxa em cair na lábia da primeira, mas tudo bem.

My precious

Próximo ao Arco do Triunfo, vi um careca muito branco pegando algo no chão e olhando com uma cara de feliz. Quando passei perto dele, ele me mostrou que era um anel de ouro. "Lucky you!", eu disse, no que ele me respondeu: "No, lucky you!". Opa! Eu não, cara, eu não achei nada, não. Ele me entregou o anel e perguntou se era de ouro. O anel era bem pesado e realmente parecia ser de 
ouro (momento ourives da ZL). Quando fui devolver-lhe o anel, ele se recusou e falou que eu podia ficar. Opa! Cara, que conversa estranha é essa? Ele disse 
que era da Polônia e tal, e não sei o quê. Eu só estava esperando a hora que 
ele viraria as costas para que eu jogasse aquele anel longe. Vai que o cara 
chama a polícia e fala que eu roubei, ou sei lá... Papo vai, papo vem, eu preocupado, o cara de conversinha fiada, eu com medo, então ele faz menção 
de ir embora, mas volta e pede um dinheiro, pois estava passando necessidades (pelo menos não era da Bósnia). Pensei rápido, entreguei-lhe o anel (não esse, o de ouro) e disse para ele vender o anel (ponto para mim). Ele ficou bravo, disse que não queria o anel, queria dinheiro. Ok, a situação tá ficando meio perigosa. Coloquei o anel em sua mão e a fechei (igual filme, sabe?). Ele ainda ficou me enchendo o saco, então dei os trocados de Libra que eu tinha no bolso (só pelo hue, mas foi uma péssima ideia) e queimei chão dali. Ele ficou puto, mas foi embora.

Poliglota

Atravessando a rua para chegar ao Arco, vi uma mulher com aparência humilde 
e lenço na cabeça que veio me perguntar se eu falava inglês. Ah, mas eu já 
estava esperto. Uma hora em Paris e muita gente já tinha tentado me passar a perna, 
mas dessa vez não, dessa vez eu seria mais esperto. Olhei para ela e respondi 
em bom e claro PORTUGUÊS: "Desculpa, não entendo". Ela olhou para mim e respondeu com um sotaque lusitano: "Português? Me dê um dinheirinho!". A mulher era uma pedinte poliglota!
Saí dali logo e foi até o Arco.

Fatos sobre o Arco do Triunfo: o arco é bem antigo. BEM antigo. E ele também é consideravelmente alto. Por ser tão antigo, ele não possui elevador, e os 
degraus são bem baixos, o que torna a subida bem complicada.

Visão da base da escadaria (sente o drama)

Chegando lá em cima, como eu já disse, estava muito frio. Mas valeu a pena.

Foto mal tirada por conta do frio

Quem não chora não mama

Passado isso tudo, era hora de comer.
Como eu falo francês tão bem quanto um babuíno albino toca xilofone, achei melhor procurar um restaurante que tivesse o cardápio em inglês.

Fato sobre Paris: eles não gostam de outro idioma que não seja o francês.

Obviamente, não encontrei. Mas acabei encontrando um Starbucks, onde eu poderia simplesmente pegar um lanche e pagar, sem precisar falar nada (ou eu pensava que seria assim).
Peguei um pão preto com uma aparência estranha, uma Coca-Cola e pedi um muffin de chocolate, pois as únicas coisas que eu conseguia pronunciar em francês era muffin e chocolat. Foi então que percebi que poderia pedir para 
esquentar o lanche. E por que não pedir, não é? Bem, o problema é que o cara não entendia uma palavra em inglês e eu não sabia pedir em francês. Depois de muita mímica e macaquice na frente do balcão, eu me fiz entender e ele
esquentou meu lanche, que até hoje eu não sei o que era e nem quero saber, 
mas era gostoso.

Je ne parle pas français

Viu só que a foto anterior ficou ruim por causa do frio? Aqui eu tava no quentinho e a foto ficou boa.

No Louvre eu só passei por uma situação desconfortável quando pedi 
informações para um guarda e, apesar de eu ter certeza que ele havia me entendido perfeitamente, fez questão de não me ajudar, a menos que eu perguntasse em francês. FDP. Mas tudo bem, o Louvre é o Louvre.

Ps: o quadro do Delacroix é mais ipressionante que a Mona Lisa.

Três coisas

Para finalizar, três coisas também aconteceram na volta.

Primeira coisa: tive problemas na imigração, pois não tinha minha passagem de volta para o 
Brasil (embora eu estivesse indo para Londres e só voltaria ao Brasil no outro 
dia). Por sorte, os ingleses são muito simpáticos e o cara da imigração me 
deixou passar. Ele só me falou para andar sempre com a passagem de volta.

Segunda coisa: uma brasileira sentou na mesma cabine que eu no trem. Coincidência? Então veja só: ela morava na cidade vizinha à minha, passava 
perto do meu bairro para ir trabalhar e trabalhava na mesma empresa que o meu pai.

Terceira coisa: lembra que eu dei meus últimos trocados de Libra para o careca polonês que queria me dar o anel (humm...)? Então, ao chegar em Londres, e estava sem dinheiro para compra a passagem do metrô. Perguntei para a 
mulher da bilheteria se ela aceitava Euro, e ela me respondeu com a cabeça virada 
sobre o ombro e um tom complacente: "No, dear no Euro here", e então um 
arco-iris saiu de seus gentis olhos e eu deslizei de volta até o hotel por ele. Não, mentira. No aperto, acabei lembrando a senha do meu cartão de crédito e 
comprei a passagem em uma máquina de autoatendimento.

É, aquele dia foi bem estranho, e eu nem falei como um cara com a roupa 
melhor que a minha veio me aplicar o golpe da Bósnia e ainda tentou roubar o guarda-chuvas que eu tinha comprado em um Carrefour perto da Torre, nem 
como tirei a sorte grande em uma promoção surpresa na Champs Élysées, ou como fiquei perdido no Louvre, já que não são histórias tão interessantes assim.

E você? Que história estranha tem para contar?