O Céu de Ícaro

Porque o céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu

Enquanto piscamos

Abriu os olhos... pela primeira vez
Olhou ao redor, não conseguiu manter o foco
Procurou a mãe, não encontrou
Chorou
Sentiu fome, o alimentaram

Piscou

Assistia televisão e pela primeira vez conseguia identificar as letras
Leu.
De repente sua curiosidade era maior que antes
Começou a querer aprender mais coisas

Piscou

Encontrou a garota que sempre gostou
Se olharam longamente
Beijaram-se

Piscou

Estava indo para a faculdade
Trabalhava mais do que gostaria para pagar o curso

Piscou

Tinha um emprego que não era o do seus sonhos, mas pagava bem

Piscou...

...pela última vez.


O desprezo do Brasil pela Literatura

Olá pra você, pessoa incrível.

Eu gosto de ler. Eu gosto muito de ler. Eu sempre passei muito tempo na biblioteca da minha escola, tanto que eu tinha amizade com o bibliotecário e era o único a ter acesso a uma salinha reservada com livros que não eram emprestados a outros alunos. Eu tinha amizade também com a biblioteca do Senai, onde também estudei, tanto que eu não precisava mostrar minha carteirinha na hora de reservar, pois a bibliotecária já sabia de cor. E vale lembrar que nunca tive aulas de Literatura na escola.

Pablo, qual é o livro?


Meu gosto pela leitura começou bem cedo. De fato, bastaram seis meses na escola, e aos quatro anos eu já sabia ler, sendo que aos cinco eu já colecionava gibis da turma da Mônica. Anos depois, ganhei diversos livros da série Vagalume (acho que não existe mais essa série), e com esses livros eu comecei a ler livros infanto-juvenis e clássicos adulto logo depois.

Como não podia ser diferente, minha carreira acabou seguindo pelo caminho das palavras, comecei a ensinar inglês e, mais tarde, finalmente consegui começar a ensinar Literatura.

Foi durante o período em que dei aulas que pude ver de perto a realidade brasileira para a leitura.
Eu já sabia que nosso povo não gostava muito de ler, mas ao começar a ensinar alunos do ensino médio, percebi como a situação era crítica. Primeiramente, boa parte dos alunos dessa faixa etária possui uma escrita precária e interpretam textos muito mal. Eu costumava utilizar a poesia para exercitar isso, já pode ser feito mais rapidamente e o escritor tende a soltar mais seu lado artístico ao utilizar essa mídia. Até que ajudou, mas ainda era pouco. Algo que ainda atrapalha no desenvolvimento intelectual (no sentido da leitura) é o maldito currículo escolar. O professor é obrigado a ensinar sobre certas obras apenas para ~preparar para o vestibular~. De fato, o vestibular é o que atrapalha o ensino de todas as matéria, mas vamos focar aqui apenas na Literatura.

Lembro de ter que ensinar sobre Marília de Dirceu para alunos do segundo ano apenas por estar no currículo. Cara, esse livro é muito chato. Em contrapartida, grandes escritores, como Scliar, Suassuna ou Leminski são deixados de lado. Pior, autores latinos, como Borges, Garcia Marquez ou Cortázar são totalmente ignorados.

Outro grande problema é o fato de termos que ensinar sobre muitas obras em um curto espaço de tempo, fazendo com que falemos superficialmente de ótimas obras pois, se déssemos a devida atenção, não teríamos tempo de falar sobre os outros, e isso, para alunos que já não gostam de ler, é um sacrilégio. É uma vida bandida essa.

É muito difícil fazer com que um aluno se interesse por leitura se você não tem liberdade para falar sobre o que quer pelo tempo que julgar adequado. Lembro-me de ouvir desde pequeno sobre Dom Casmurro e sempre imaginar uma história chatíssima e de ter levado um baque sem igual quando finalmente o li e percebi que meu pré-conceito era totalmente equivocado, totalmente oposto à grandiosidade da obra. Mas não me julguem, ninguém nunca havia me ensinado sobre Machado de Assis até a faculdade.

Outra coisa que me intriga é a (pouca) quantidade de livrarias e seu destaque entre lojas. Eu costumo julgar o nível intelectual de uma região pela quantidade de livrarias que existem ali. Vivi um tempo em Buenos Aires e pude ver como lá a coisa é bastante diferente: livrarias se amontoam pelas ruas da capital porteña, você vê as pessoas lendo nas ruas, no metrô, no McDonald's... A Argentina prestigia a intelectualidade, ao que, infelizmente, parece ser diferente por aqui. Em terras tupiniquins, a pessoa que lê é vista como um alien, um ser estranho com gosto por coisas sem graça.

Hoje já não dou mais aulas, mas espero ainda ajudar a mudar esse panorama, tenho até umas ideias para poder contribuir. E se você, caro leitor, deseja ajudar também de alguma forma ou apenas bater papo sobre livro ou qualquer outra nonsense da vida, deixe aí seu recado ou me procure pelos becos escuros. Não deixe também de contar sua história com os livros.


4 curtas de ficção científica que merecem ser vistos

Eu sou um fã incondicional de ficção científica, seja ela escrita, como as obras de Asimov, ou em filme, como Star Wars.
Eu lembro que tinha 10 anos quando foi lançado o Episódio I de Star Wars. Eu lembro de ter adorado aquele filme como se fosse a melhor coisa do mundo. Hoje, depois de rever o filme, percebo como ele foi uma grande porcaria, mas para um garoto de 10 anos, era algo espetacular (eu não me lembrava que tinha tanta politicagem chata no filme). Pouco (muito) tempo depois, acabei alugando Matrix em VHS (minhas costas já doem automaticamente só ao dizer isso), mesmo o filme tendo saído no mesmo ano do outro citado aqui. Aquele filme, mesmo assistindo hoje, mais de dez anos depois, continua a me encantar com toda sua história, sua filosofia e, claro, seus efeitos especiais.

Apresento aqui 4 fantásticos curtas de ficção científica que você pode assistir enquanto almoça, no tempo entre uma aula e outra, (durante a aula) ou quando sobra aquele tempinho depois de fazer aquilo que você tinha que fazer e aquilo outro que você precisa fazer e fica protelando:

1 - Sight


Sabe o Google Glass? Então, imagine um mundo onde possuímos implantes com aquela tecnologia instalados diretamente em nossa retina, dando-nos uma visão biônica que nos dá informações sobre tudo ao nosso redor diretamente em nosso olho. Agora imagine sair em um encontro e ter a ajuda dessa tecnologia para se dar bem.


2 - R'ha


Um alienígena da raça R'ha é torturado por uma máquina sombria para poder revelar as coordenadas do último refúgio de seu povo.
O curta virará um longa pelas mãos de um ex-produtor da Lucasfilm.


3 - The Gift


O primeiro dessa lista que eu vi e o que me motivou a correr atrás de mais e fazer a lista.
O curta se passa em uma Rússia futurista distópica. Um homem entrega uma caixa misteriosa a um senhor aparentemente importante e quando este a abre, o primeiro o mata, rouba a caixa e foge, quando o robô-mordomo do morto o persegue, só para ver o homem ser atropelado e morto. O robô então pega a caixa, iniciando uma perseguição policial.
Cara, um robô mordomo russo fugindo da polícia em uma moto futurista!


4 - Memorize


Em 2027, todos possuem um chip contendo todas suas memórias e uma empresa as monitora e usa-as para identificar criminosos e fazer os julgamentos mais rápidos de todos os tempos.
Um agente inicia uma perseguição frenética atrás de um suspeito de assassinato e precisa usar todos os seus truques para não ser morto por seus comparsas.


Porque Clarice Falcão é genial

Ah, Clarice. Que garota excepcional.

Tudo fica mais legal com filtro do Instagram


Hoje em dia, muitos artistas brasileiros fazem sucesso com suas canções simples, bem trabalhadas e seu violão, mas a Clarice tem um toque a mais. Seu sucesso se deve a uma mescla incomum que acontecem em suas músicas. 
Diferentemente da maioria dos compositores desse estilo que tentam introduzir uma poesia pura e profunda em suas canções, ela se destaca por apresentar letras mais simples e com um toque cômico.
Algumas vezes, como no caso de "Capitão Gancho" ou "Eu me lembro", a letra não possui aquele humor explícito que te faz rir, mas sim um humor mais discreto, meio inocente, quase que sem querer, o que nos faz ter uma afinidade muito maior com a música e a intérprete. Some isso à sua voz e temos a fórmula perfeita para o sucesso.

A história da borboleta que se apaixonou por um soco

Antes de mais nada, tudo.

Este post é uma homenagem ao meu poeta contemporâneo preferido: Michel Melamed ponto

Pisciniano, judeu, poeta, carioca e correntista do Itaú.



Quem me conhece sabe que sou devoto de São Fernando Pessoa(s), que faço minhas preces para São Byron e que o beato Gregório de Matos intercede por mim, mas nenhum desses, por mais geniais que fosse, foi pisciano, judeu, poeta, carioca e correntista do Itaú. Sim, Michel é tudo isso. E muito mais. Ele é um daqueles caras que é tão inteligente que dá raiva. Parece ser a pessoa que tem uma resposta para tudo.

Meu primeiro contato com a obra dele foi quando um amigo me emprestou o livro Regurgitofagia. Aquele livro foi um soco no dedão do pé da minha sanidade. É um livro surreal, estranho, emocionante, confuso, esclarecedor, questionador, interativo que causa impacto mesmo na pessoa que não entender uma só palavra do que está escrito. O livro já impressiona pela sua formatação diferente, impossível de descrever em palavras, e segue impressionando pela interatividade com o leitor. Em muito momentos, o livro o convida a pegar um lápis e rabiscá-lo, escrever, exercitar sua imaginação. É mágico.
O que mais impressiona, é saber que o livro inspirou uma peça - uma das melhores já feitas - que é a transformação do próprio em atos. Imagine ver uma peça de teatro totalmente fora dos padrões convencionais e depois ler um livro que é exatamente igual à peça, em seus mínimos detalhes. Pois é, coisa de Melamed.

A peça em questão (cujo trecho está abaixo), faz parte de uma trilogia, com Dinheiro Grátis e Homemúsica como continuação. Em Regurgitofagia, Michel fica sozinho no centro do palco ligado a eletrodos, e cada reação da platéia - risos, palmas, tosse - provocam um choque no ator, o que só causa uma aflição maior, pois dá vontade de rir ou aplaudir a cada choque, e isso só causa mais choque, o que te faz suspirar de aflição, provocando mais choque.


"Antes de mais nada, tudo. Porque, diferentemente dos ávidos antropófagos, já garantimos coisas demais. Por isso, se me falam ‘ponto’, pode ser final, g, nevrálgico, de encontro, de macumba, facultativo, de crochê, de ônibus, pacífico, de equilíbrio, aquele cara que segura a fecha dos atores, de exclamação, interrogação, de ebulição, morto, zero... Por isso, se me falam ‘dando’, pode ser dando zebra, dando de ombros, as costas, dando mancada, a volta por cima, mole, certo, a bunda, na vista, bandeira, tudo errado.. Essa é a história da borboleta que se apaixonou por um soco. O amor platônico de uma borboleta por um soco . E essa eterna sensação de estar comprando dinheiro, fritando frigideira, cavando barco, fotografando foto, amando a bunda, odiando o ódio, trocando o que já se tem pelo que ainda se tem. Jáinda. Não se fazem mais antigamentes como futuramentes ".

Vale também conferir sua genialidade em um texto mais antigo:


Há tanto tempo não há tempo para tanto
Miro o muro e vejo o eixo central dessa galáxia inóspita
Miro o belo e meço meramente o mero
Homero vai à luta
O homem vai à luta com Homero
Meramente homem
A união faz a força
E a força faz o que?
A força faz a forca
A força vai a forca

A foca bate palma e sai de foco
O oco foca e fica
A oca fica e faca
Foucault finca a faca
O inca cai, quebra e vira totem
E tem pressa...
E o trem passa
Eu hei de entender o que se passa
Se passar um pouco mais perto de mim
Há tanto tempo não há tempo pra tanto
Há tanto que tento

E troco trovas por momentâneos beijos de amor
Pois quem sabe se sobe ou se desce
Se manda ou obedece
Se emana ou esquece
Ou irmana prece
Quem sabe se levanta ou cai
Se entra ou sai
Se eu se ai
Se bem foi ou vai
Quem sabe se segura ou solta
Quem sabe se vai ou ou volta
Quem sabe se sabe ou apenas quis saber

Porque deveria e há de saber
Quem sabe de quê?
Ou quem quer que saiba
Que saber é ver o não saber
Que beber é só se embriagar
Que comer é só se fortalecer
E que fortaleza também cai
Se eu soubesse que sabia
Não saberia o que fazer
Pois quem caminha

Vai ou vem
Dependendo de quem olha
Ou tenta olhar alguém
Pois se certo fosse o olhar
Olharia o incerto
O acerto se faria
Como deveria ser ou haveria de estar

Se fosse o querer acontecer e transformar
A verdade só quem sabe é a mentira
Que por sua vez sempre mente

Simplesmente
Com um corte no pulso que pulsava
Um pouco de vida que vivia nesse mero pulso
Onde estão os índios?
E os filantrópicos?
E os filatelistas?
E os caçadores de borboletas?
E as borboletas?

Os filósofos se escondem nos bares
O ar começa a ser vendido
Compre já!
Últimos estoques
Estou farto de farpas, furtos e fortes
Meus pés me levam até o para-peito de um prédio
Meu peito pára na calçada da rua mais próxima
Mas o show tem que continuar
A América metricamente se recente de tudo que fez, faz e fará
Planeta Terra
Planeta amputado
Sepultando-se sepultado
Se putas ou putanas

Sepultem esse veneno
E eu aqui tentando minar
Nanir
Ir não vir
Ser não ver
Sou, som, só
O hormônio do meu homônimo
Não é igual ao meu
Choro nas horas vagas
E vago um coração
Alguém quer?

E não pára por aí. Michel ainda dirigiu e atuou em duas excelentes séries da Rede Globo, "Capitu" e "Afinal, o que querem as mulheres?".

Afinal, citando outro poeta que adoro: "a poesia prevalece".

A noite mais escura

Ele estava sentado em sua poltrona enquanto lia um livro e ouvia jazz. Aquela noite estava particularmente escura e fria. A lua parecia pressentir o que aconteceria aquela noite e resolveu não aparecer. O sopro do vento entre as árvores produzia um som fantasmagórico, mas aquilo não o perturbava mais, sua vida já estava tão terrivelmente desgraçada que aquilo parecia ser uma trilha sonora de seus dias.

Já passava das quatro da manhã quando decidiu dormir. Tudo estava tão terrivelmente errado em sua vida que seu único conforto era saber que poderia esquecer quem era enquanto dormia, e que, se tivesse sorte, nunca mais acordaria.

Levantou, bebeu água, apagou a luz, fumou o último cigarro e se dirigiu aos seus aposentos. Enquanto caminhava, olhou com tristeza para as árvores que balançavam lá fora. Sua tristeza só aumentou quando viu sua imagem refletida no vidro da janela: um homem de meia idade, quase careca, roupa surrada, rosto carrancudo... Onde teria errado? Em que momento de sua vida as pessoas começaram a se afastar? Por que afastou e feriu todos ao seu redor? Hoje, sozinho, sentia o peso da solidão em seus ombros curvados. Seu orgulho - aquele que o fez machucar quem o queria bem - deu lugar a uma melancolia quase física, tão pesada que doía, parecia preencher cada pedaço de seu corpo cansado e velho.

Afastou o olhar da janela pesarosamente, ficou cabisbaixo e começou a caminhar até seu quarto. Dois passos depois sentiu um calafrio na espinha. Sabia que não era o frio, era algo diferente, algo mais assustador, algo mais...
Levantou os olhos e viu algo que nunca sequer havia imaginado antes, e duvidava que qualquer pessoa viva o tenha. A imagem que se encontrava diante dele o deixou paralisado, não possuía forças físicas ou mentais para esboçar qualquer reação. Diante de si estava uma silhueta enorme, talvez o dobro de seu tamanho, completamente negra, com algo que pareciam duas asas negras saindo de suas costas.

Completamente paralisado, observou catatônico aquele ser que, certamente, não era humano, foi quando um relâmpago irrompeu silencioso, revelando a face negra e desfigurada e seus olhos completamente negros, não era possível ver qualquer outra cor em todo o seu globo ocular, parecia ser completamente negro em todo seu diâmetro, assim como o era todo o resto de seu corpo. Quando o trovão finalmente chegou, menos de um segundo depois, o som foi ensurdecedor, assustando-o e fazendo-o fechar os olhos de medo. 

Ao abrir seus olhos, os olhos negros não estavam lá, nem as asas, nem a face... a criatura não estava mais lá, nem sua casa. Nada mais estava no lugar. Ele não havia sentido nenhum movimento, mas de repente estava em um lugar completamente diferente. Era uma floresta de árvores negras e mortas, uma bruma pálida e um frio que atravessava o casaco e doía nos ossos. 

Sentiu sua respiração parar quando alguém tocou seu ombro. Olhou vagarosamente para a mão daquele que o tocava e viu unhas pontiagudas em uma mão que mais parecia uma sombra. Estaria sonhando? Estremeceu, respirou fundo, tentou se acalmar e olhou para trás. Lá estava ele. A mão pertencia ao ser que o havia visitado em sua casa. Sentiu seu coração parar, sua boca ficou seca, tremia. Inspirou um fôlego profundo e tentou dizer algo. Nada saiu.

A criatura abriu a boca e, quando falou, o som de mil vozes angustiadas pareciam reverberar de suas cordas vocais:

- Minha aparência é um reflexo de seus atos. Sou como as pessoas o viam, todas elas, sou tudo somado.

- Q-Quem é você?

- Seu dia chegou. Hoje sua linha do tempo chegou ao fim. Este é o final de tudo para ti.

- Eu morri? É isso que você está me dizendo? Eu estou morto?

- Sim. Sou o guardião da transição. Eu fui buscá-lo para que você possa fazer a travessia.

Aquilo o confortou um pouco, não como ele pensava que seria ao morrer, mas já não estava amedrontado como antes.

- O que é você, um anjo ou um demônio?

As mil vozes pareceram ter um tom irônico ao responder:

- Isso você decidirá. Após lhe contar o seu destino, você irá decidir se sou um ou outro.

O medo, misturado à ansiedade o fez tremer novamente.

- O que há do outro lado? Qual é meu destino?

- Em instantes você nascerá novamente, viverá novamente, amará novamente, exatamente como já o fez, você viverá sua própria vida novamente, tudo igual, nos mínimos detalhes. Tudo o que você fez, fará novamente, todos os que você machucou, machucará novamente, você viverá uma reprise de sua própria vida.

- Não!

Endless nights

Endless night of endless sorrow
Lights shine bright, but for me they are far away
Not my thing this so called sadness
It seems all is in colours, and I'm the one gray
All I want is a little less
Of me feeling my heart is so hollow

Crianças do SubMundo

Crianças do Submundo, qual sua motivação?
Quem estará lá quando seu dia chegar?
Onde decidirá repousar seus pés após a luta acabar?
Vocês terão finalmente seu pedaço de chão?

Sua luta não é banal, sua determinação é absoluta.
Queríamos tanto, e tão pouco nos foi dado.
Demos tudo o que tínhamos, e tudo o que tínhamos nos foi tirado.
Questionam o que fazemos, mas o que nos fazem, ninguém pergunta.

Crianças do subMundo, podemos perder o que não temos?
Podemos esquecer nosso passado?
Nosso futuro é nosso presente.