O Céu de Ícaro

Porque o céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu

Sobre robôs e a iminente extinção da raça humana

Eu estava aqui hoje pensando sobre um assunto que me fascina: inteligência artificial. 
Comecei a imaginar um futuro asimoviano onde somos rodeados por robôs conscientes criados especificamente para nos servir. Mas aí meu lado pessimista falou alto.
Sempre que imaginamos um futuro com robôs inteligentes, logo nos vem à mente a possibilidade desses seres nos aniquilarem ou escravizarem (a primeira sendo mais provável). Essa possibilidade é tão real, que o próprio Asimov em seu livro Eu, Robô nos apresenta às Três Leis da Robótica, que impediriam que os robôs tomassem qualquer controle sobre nós. Porém, tanto no livro quanto no filme baseado nele, os robôs acabam usando essas leis contra nós, indicando que sempre haverá a possibilidade de sermos exterminados por nossa própria criação.
Sendo mais "otimista", imaginemos que as leis funcionem perfeitamente e que não sejamos dominados pelas máquinas. Mesmo nesse cenário, elas ainda sairiam soberanas no final. Isso porque a raça humana tem uma leve tendência a se odiar, e esse ódio provavelmente será a causa de nossa extinção. Há, inclusive, uma teoria que diz que já extinguimos toda uma raça de humanos.
Seguindo esse raciocínio e analisando nossas ferramentas atuais de aniquilação própria (que não são poucas), é muito provável que mataríamos uns aos outros através de um apocalipse nuclear, o que já quase aconteceu também.
Assim, os únicos capazes de sobreviver aos ataques e aos efeitos colaterais deles (leia-se, radiação) seriam os robôs. 
Assim, podemos concluir que, de uma forma ou de outra, os robôs dominarão o mundo.

Consciência e alma

Uma outra possibilidade, que me veio à mente depois de ver
o trailer do novo filme com o Johnny Depp, gerando todo este texto, diz respeito a humanos tornando-se máquinas.
Atualmente, vemos diversos avanços na área da saúde, principalmente no que diz respeito ao transplante de órgãos. Hoje temos corações artificiais, úteros artificiais e diversos outros órgãos e membros que podem ser substituídos por equivalentes não naturais.
Imaginemos agora que, em um mundo de robôs conscientes, um ser humano tenha seu corpo trocado total ou parcialmente por partes artificiais. O que diferenciaria esse humano mecânico de um robô? A capacidade de programar um robô e não poder fazer o mesmo com um humano? Bem, um humano também possui um software que pode ser reprogramado. Então, qual seria a diferença entre um e outro?
Acredito que se um dia chegarmos a esse ponto, as discussões religiosas terão seu ápice. Afinal, se um é essencialmente igual ao outro, a única coisa que nos tornaria superiores a eles seria a existência de uma alma, diriam os religiosos. Nossa única vantagem sobre os robôs seria poder contar com uma vida após a morte física. O debate seria então mais acalorado com os ateus afirmando a não existência da alma, dizendo que a "robotização" da raça humana seria um novo avanço em nossa evolução, um avanço artificial, autoimposto.

Não desejo discorrer mais sobre o assunto agora, mas quero saber de você, leitor: "em um mundo onde é possível substituir seu corpo por partes robóticas, teríamos a robotização humana ou a humanização dos robôs?"; E: "o que torna um humano mecanizado diferente de um robô?".

Primeiro haikai

Ninguém me chama
Correspondo
E não respondo

Poema a ser ampliado

Nota do escritor: leia em voz alta, pois ficou um tanto musical.

Duas coisas bem distintas
Entre a mente e o coração
Que bagunçam nossas vidas:
Uma é o amor, outra é a paixão

Pois, o amor é racional
Puro, simples, mas imenso
Já a paixão é um animal
Belo, selvagem, intenso

Triste é quem nunca sentiu
Um dos dois nascer no peito
Ou toda a vida mentiu
Ou nunca viveu direito

Um sorriso

Entre sonhos obscuros me encontro
Paro
Tremo
Respiro
Não mais
Ar

A escuridão me envolve
E, tomado pelo medo, grito
Sem voz
Sem coragem
Sem nada

Me entrego, então
Às garras das trevas
Deixo-me ser consumido
Por ela
Por isso
Por mim
Por ninguém

Mas, como uma miragem
Um sorriso me devolve a sanidade
E por ele luto
Por ele volto
Por ele...
Tudo