O Céu de Ícaro

Porque o céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu

Um post com apenas uma imagem, mas que fará você ficar olhando eternamente para o computador


E se tivéssemos uma portal gun na vida real?

Alguém iria fazer merda.

A Lisztomania

Em 1966 os Beatles pararam de fazer shows e se dedicaram a trabalhar em coisas experimentais apenas no estúdio. O motivo? As fãs gritavam tanto nos shows que era impossível ouvir qualquer coisa; isso era a Beatlemania.


(Repare que o negócio tava tão avacalhado que John Lennon toca teclado com o cotovelo)

Hoje temos a Bieber Fever, ou Biebermania, ou Retardo Mental Generalizado... enfim, não sei como chamam o fenômeno de adoração a Justin Bieber, mas sei que tem.

Então vemos que essa situação de fãs histéricas (sério, não consigo entender como alguém pode pagar para ficar gritando durante duas horas para não ouvir as músicas de seu cantor preferido... Bem, no caso do Bieber eu até entendo)... retomando (não vou editar isso, estou escrevendo do jeito que eu falo, cheio de comentários intermitentes)... Enfim, retomando de novo, vemos que essa situação de fãs histéricas se iniciou com os Beatles e ocorre até hoje, certo? Logo, vou falar de um novo músico que está levando as garotas à loucura (já que o título do post é "A Lisztomania"), não é?

Errado, jovem incauto!

Toda essa histeria feminina por músicos surgiu no século XIX (19, pra você cabulava aula), com Franz Liszt, que além de ser um dos melhores pianistas de todos os tempos, ainda tinha um sobrenome irado.


Problem, Bieber?
Liszt era um pianista húngaro virtuosismo que já compunha e se apresentava desde os onze anos. Aos 30 anos, em 1841, o pianista chegou em Berlim, causando um grande alvoroço (tipo quando um popstar chega por aqui), tendo inclusive um grupo de trinta alunos fazendo uma serenata para ele na noite de sua chegada.
Em 1841, ele fez uma apresentação em Paris, sendo esse o ponto zero da Lisztomania.
Diz-se que quem ia às suas apresentações era arrebatado por um transe místico (me lembrou do episódio do South Park com os Jonas Brothers) e que as mulheres brigavam para pegar um guardanapo usado por ele, suas luvas, fios de cabelos ou até bitucas de cigarro.
É importante esclarecer que o termo Lisztomania tinha um sentido diferente da Beatlemania, já que a palavra "mania" naquela época tinha um sentido mais forte, denotando uma patologia (rá, o mesmo que eu acho da Bieber Fever).

Abaixo segue um vídeo de uma de suas canções (hold your panties, ladies).




Curiosidade: Existe um filme muito bizarro de 1975 chamado "Lisztomania", com Roger Daltrey (sim, o vocalista do The Who) como Franz Liszt e (atenção, revelações absurdas a seguir) Ringo Starr como O PAPA. É possível encontrar trechos no YouTube.

Este pôster me incomoda demais

Autodidática (ou O Princípio dos Patins)

Com a ~vasta~ experiência que tenho em sala de aula, seja como aluno ou professor, tenho uma certa autoridade ao falar sobre como os alunos se comportam na hora de aprender algo novo.
O mundo hoje é muito dinâmico, ninguém tem tempo para mais nada, tudo deve ser rápido e preciso, não pode haver nada supérfluo, e isso tem causado um impacto negativo na forma como as pessoas adquirem conhecimento.

The Wikipedia Years


Em tempos de Google e Wikipedia, o conhecimento parece ter se tornado um produto enlatado, que podemos utilizar e descartar a qualquer momento. Parece que tudo o que precisamos saber pode ser consultado facilmente em uma fonte externa, sem que precisemos guardar informações em nossos próprios cérebros.
Fiz questão de destacar a palavra parece, para chamar a atenção ao fato que, apesar de termos toda essa fonte de conhecimento ao nosso dispor, muita gente não a utiliza de forma adequada, ou nem a utilizam de forma alguma, ou pior, a informação ali apresentada nem sempre está correta.
Mas não é sobre isso que escreverei, apenas citei esses fatos para ilustrar como nossa sociedade pode "aprender" sobre qualquer coisa em segundos, e isso nos tem prejudicado, e muito.

Aprendendo com a queda




Sou do tipo de pessoa que não gosta de pedir ajuda, prefiro me virar e errar várias vezes a ter alguém me indicando os passos. Alguns podem achar que isso é coisa de orgulhoso e um desperdício de tempo precioso, afinal, por que tentar algo e falhar repetidas vezes se alguém pode rapidamente me ensinar a fazer aquilo. Bem, aí entra o que eu chamo de "O Princípio dos Patins".

Quando eu era pequeno, minha rua não era asfaltada (era o inferno em forma de lama), até que um dia finalmente a prefeitura prometeu asfaltar. Ao saber disso, pedi um patins de presente aos meus pais, mesmo não sabendo andar e não conhecendo alguém que o tinha, afinal, ninguém anda de patins em chão terra.
Quando o asfalto finalmente chegou à minha rua, ganhei os meus tão esperados patins e fui logo tentar andar. Confesso que o começo foi extremamente frustrante, pois eu não conseguia sequer sair do lugar. Mas eu queria andar, e persisti. Todos na rua ficavam observando e rindo de mim tentando por horas andar e sempre me esborrachando, até que notei algo interessante. Sempre que eu caía, minhas pernas se abriam em direções opostas, pegando mais velocidade e me fazendo cair com muita força no chão. Resolvi então aplicar isso à minhas tentativas de andar, e comecei a jogar uma perna de cada lado, como eu fazia quado caía. Em pouco tempo comecei a andar com segurança, e logo os que ficavam rindo de mim começaram a me pedir para ensiná-los também. Em pouco tempo, minha rua estava cheia de patinadores.
Esse acontecimento me levou a perceber que quando tentamos algo várias vezes e erramos, reconhecemos o erro e aprendemos com eles. Quando conhecemos bem os erros, sabemos como evitá-los com segurança. Infelizmente, muitas pessoas querem aprender algo (seja um novo idioma, seja uma matéria de vestibular) instantaneamente. Elas acreditam que o professor, instrutor ou seja lá quem for tem a obrigação de fazê-las entender tudo sobre o assunto de forma mágica e indolor.
Ao tentar aprender algo novo sem passar pelos estágios da dor e do sofrimento (escolho palavras aleatoriamente em contos do Allan Poe para por em meus textos), a pessoa perde o que é essencial na aprendizagem: o erro.
Aprendemos com nossos erros, essa é a realidade. Talvez até seja possível aprender algo de forma descomplicada, mas você terá dificuldades em agir quando um problema aparecer, já que os erros durante o aprendizado o prepara para lidar com qualquer eventual revés, e a autodidática proporciona isso de forma eficiente.

Um dia ainda retomo o assunto, estou muito cansado para escrever mais agora.

Laerte