O Céu de Ícaro

Porque o céu de Ícaro tem mais poesia que o de Galileu

Banda boa: Filarmônica de Pasárgada

É tão bom quando você está navegando na internet sem qualquer pretensão e então se depara com algo que alegra seu dia. Pois foi isso o que aconteceu quando, por acaso, descobri a banda Filarmônica de Pasárgada. 
Eu ia escrever uma resenha aqui sobre a banda, mas nada seria tão bom quanto quanto o texto que está no próprio site deles:

"A banda foi formada em 2008 por alunos do curso de música da USP com o objetivo de interpretar as canções de Marcelo Segreto. Este conseguiu ludibriar os seus colegas de faculdade dizendo que o grupo ficaria famoso e que todos ficariam ricos em no máximo dois anos. Tendo feito pacto de sangue, de cuspe e de outras coisas que não vêm ao caso, os integrantes não puderam mais abandonar o projeto. O grupo foi vencedor da 17ª edição do Programa Nascente da USP (2009), do I Festival da Canção da UNICAMP (2010), do 41º Festival Nacional da Canção - FENAC (2011) e do Grêimy Awards 2011 na categoria "Melhor Cdzinho Demo Latino". A banda também foi premiada em outros festivais da canção como FAMPOP, Prêmio Botucanto e Festival de MPB do Conservatório de Tatuí. Se você estiver na internet lendo este texto ridículo e quiser um release decente do grupo, por favor, clique em "produção" para fazer o download do release. Se você estiver lendo este texto no folder ou no banner de um show do grupo, prestes a assistir a apresentação, saiba que não deveriam ter copiado e colado este texto no material de divulgação. O grupo tem como integrantes: Fernando Henna (jardinagem), Ivan Ferreira (pagode), Marcelo Segreto (serviços de escritório), Migue Antar (receitas vegetarianas), Paula Mirhan (cafezinho), Renata Garcia (adestramento de tartarugas), Rubens de Oliveira (dança de salão) e Sérgio Abdalla (facebook). Atualmente, o grupo apresenta as canções de seu primeiro disco, O Hábito da Força, produzido por Alê Siqueira, com projeto gráfico de Guto Lacaz e lançamento pelo selo Coaxo do Sapo."

E, claro, para finalizar, segue o incrível clipe de "O Seu Tipo" 

A foto

O vento soprava não muito forte no calçadão de Copacabana, mas o suficiente para que ele tivesse que segurar a foto com firmeza para que ela não voasse. Aquela foto dela era uma das imagens mais lindas que ele já havia visto. Ele viajara o mundo, conhecera Petra, Bali, Malta, as Grandes Pirâmides, mas nada era tão sublime quanto aquela foto dela. Ah, aqueles cabelos ao vento, seu sorriso descontraído, seu vestido branco voando com leveza, seus olhos quase fechados, mas ainda assim podia-se ver o brilho resplandecente que saía daquelas jóias azuis. Os raios de sol refletidos em seus cabelos davam a Ela uma aura angelical.
Ela havia deixado a foto cair naquele mesmo calçadão, ele a encontrou, mas não a contou, decidiu mantê-la para si, para que aquela imagem o confortasse em dias ruins, dias esses que eram constantes. Bebidas já não eram suficientes para esconder a sua dor, mas a foto... ah, a foto... ela era o antídoto para todo o seu mal. Afogava-se nas ondas do cabelo dela, cegava-se com o brilho de seu sorriso e, apenas de pensar em sua voz, ficava surdo para o mundo, e para o mundo, tornava-se um inválido, mas para si, tornava-se completo.
Aquela foto tinha sobre ele um efeito hipnótico, entorpecente. Quando estava com ela, o mundo era mais claro, mais colorido, mais... Ela.
Como pode uma fotografia ter um efeito tão poderoso sobre alguém? Ele não sabia, e também não se importava, apenas queria ficar ali, admirando-a.
O vento soprou mais forte, a foto quase voou de sua mão, e então ele sentiu aquele perfume doce que já conhecia bem, um perfume suave que bagunçava seus sentidos, fazendo-o sair por alguns instantes de nosso plano físico e se transportar para um lugar que não sabia explicar bem onde ou como era, mas que era o melhor local onde já estivera. Sim, o vento, ciumento, tentou tirar-lhe a foto, mas como recompensa por sua traquinagem, trouxe o perfume dela. Quando o efeito anestesiante do perfume passou, todos os seus sentidos voltaram como um turbilhão sinestésico: sua língua jurava sentir o gosto dela, suas narinas tentaram capturar um pouco mais daquele perfume, seus ouvidos foram inundados pelo som de sua voz, ele se arrepiou e virou o rosto para vê-la. Sim, ela estava ali, em pessoa, não era mais uma imagem estática. Ele virou a foto e escondeu-a com a mão sobre a coxa.
Ela passou por ele com seu ar gracioso, parecia que estava sempre a caminhar sobre as nuvens. Sua presença foi suficiente para fazê-lo congelar no lugar, como se tivesse trocado de lugar com a foto; ele agora era uma imagem estática enquanto Ela... Ela deslizava no ar.
Ela passou, mas não notou sua presença, nunca notara.
Ah, se um dia ele tivesse coragem de se apresentar...

Máskara, o psicopata

Você se lembra do Máskara? Claro que se lembra. Todos adoramos o Máskara. Mas caso você tenha passados os últimos 20 anos passeando pela galáxia na TARDIS, vou fazer um pequeno resumo.
O Máskara é um filme de 1994 com efeitos especiais espetaculares estrelado por Jim Carrey. O filme conta a história de Stanley Ipkiss, um loser que está na pior, até que encontra uma máscara mágica antiga. Ao colocar a máscara, Ipkiss é possuído por um espirito baderneiro com poderes mágicos, o Máskara.




O Máskara [sessão da tarde mode: on] apronta altas confusões com uma turminha do barulho [sessão da tarde mode: off], se livrando da polícia e de bandidos usando poderes que parecem saídos de um desenho animado (mais tarde o filme também virou um desenho animado muito bom).

O que pouca gente sabe é que O Máskara foi baseado em uma HQ de mesmo nome. Bom, legal, você me diz, deve ser bem engraçado. De fato, é engraçado, mas com um tipo de humor um pouco diferente.




A história da revista começa bem parecida com o filme: Stanley Ipkiss é um loser que encontra uma máscara mágica antiga MAAAAS... a diferença é que o Stanley dos quadrinhos é um tremendo maluco que usa os poderes da máscara para criar armas e matar todos os que pisaram na bola com ele.

Você se lembra daquela cena do filme onde o Máskara faz uma metralhadora com uma bexiga?

Se não lembra, dê o play aí.



Bem, essa parte do filme foi inspirada na revista, mas ao invés de atirar na parede, nosso amigo resolve tomar uma abordagem mais direta.



E como se não bastasse, ele ainda mata sua antiga professora na frente da classe.


Bem, minha missão de destruir sua infância está concluída. Voltarei qualquer dia para mostrar como as Tartarugas Ninja eram violentas e sanguinárias (sério).

Filmes e séries em desenhos

Um belo dia, o ilustrador Justin White decidiu reproduzir cenas de filmes e séries famosas em forma de desenho. O resultado é essa beleza aí.

Quantos filmes você consegue identificar?









































Apenas eu

Sou apenas eu,
Mas em mim você encontrará mais pessoas, mais leminskis e mais camões.
Sou apenas eu,
Mas não por completo.

Quanto tempo dura o amor?

Estavam os dois ali, em silêncio, ele fumando na janela e ela sentada na poltrona tentando chorar baixo. Apenas a luz da lua iluminava timidamente os dois.
Naquele momento, odiavam um ao outro, e cada um, a seu modo, odiava a si mesmo.
Ele observava a rua lá embaixo. Viu um casal jovem passeando de braços dados enquanto sorriam de forma boba. Ela estava com a jaqueta dele, enquanto ele tentava fingir que não estava com frio. "Coitados." - pensou ele com ar blasé - "Condenam-se, sem perceber, a uma vida miserável. Estão tão estupidamente entorpecidos que não veem a infelicidade os espreitando na esquina. Aproveitem, estúpidos, aproveitem sua embriaguez amorosa enquanto podem, pois um dia acordarão e perceberão que estavam dormindo com o inimigo".
Ela se esforçava para que, entre um acesso e outro de choro, não soluçasse alto demais para que ele ouvisse, não queria dar-lhe o prazer de perceber que sofria. Claro que, diante da atual situação e do que vinha acontecendo nos últimos tempos, surpresa seria se ele ainda notasse que ela estava viva: "Foi minha culpa?" - lamentava-se - "Será que eu deixei que nosso relacionamento caísse na inércia, nos distanciando cada vez mais? Ou será que ele foi deixando de gostar de mim e eu não percebi? Burra! Como pôde deixar tudo ruir assim? Como foi acreditar que sua vida fosse ser para sempre como um conto de fadas? Contos de fadas existem por um motivo, para nos fazer esquecer nossa vida miserável. Eles são o ópio que necessitamos para prosseguir em nosso mundo cinza. Mas não posso me martirizar sozinha, afinal, um relacionamento se faz a dois, não é? O que ele fez enquanto via nosso barco afundando? Ele apenas se sentou na proa e o viu afundar, esperando que o lado onde eu estava afundasse primeiro. Ele é um homem de prazeres simples, sempre o foi, mas hoje, seu prazer se resume em me ver pior que ele".
Ele viu pelo reflexo da janela que o rosto dela estava molhado: "Criatura patética. Pensa que pode me comover com essas lágrimas falsas. Como pude me envolver com um ser tão desprezível quanto esse? Estaria eu tão cego pela tal da paixão que não percebi a verdadeira face dela? Ok, chega de tentar reviver o passado, o que está feito, está feito, agora devemos continuar com nossas vidas".
Ela, percebendo que ele desviara o olhar quando olhou para o reflexo no vidro, enxugou as lágrimas e sentou-se em posição mais confiante: "Está selado. Fomos ambos negligentes o bastante para deixar que nosso amor se esvaísse como areia entre os dedos. Fomos tolos o bastante para acreditar que ele duraria para sempre".
Ela começou a recordar a primeira noite em que saíram juntos. Era um dia frio de julho, ele a encontrou na praça, perto de onde eles moram atualmente. Ela estava tão animada pelo fato de ter um encontro com ele, que nem se deu conta do frio, foi notá-lo apenas mais tarde, já na praça. Quando ele chegou, abraçou-a com carinho, deu-lhe um beijo suave no rosto e depois, quando quase tocavam-se os lábio, ele notou que ela tremia. Prontamente, tirou sua jaqueta e a envolveu sobre os braços dela. Caminharam de braços dados pela rua, a mesma onde moram hoje. Lembra-se de que, enquanto caminhava juntinhos, extasiados apenas por estarem perto um do outro, ouviram um velho irritado gritar do quinto ou sexto andar de um prédio: "IDIOTAS! PENSAM QUE ISSO VAI DURAR PARA SEMPRE? NÃO VAI! VOCÊS ESTÃO FADADOS A UMA VIDA DE DECEPÇÕES. VOCÊS SE ABRAÇAM AGORA, MAS DAQUI ALGUNS ANOS, SENTIRÃO ASCO UM DO OUTRO!". Ela lembra-se ainda de olhar para aquele velho perplexa e depois olhar para seu amado e perguntar com um ar meio jocoso: "Você acha que a maldição dele pode nos afetar?", "De forma alguma." - ele respondeu - "O amor é imutável, inflexível. Se o que temos é amor, então não temos com o que nos preocupar".
Não era amor, afinal. Eles estavam certos, o velho e ele: o amor é imutável, incorruptível, inesgotável... Se o que eles tinham havia-se ido, então não era amor, era qualquer outra coisa, mas, definitivamente, nunca foi amor.
Ela respirou fundo, precisava se recompor e continuar a vida, mas, quando ia se levantar, assustou-se com o berro que ele deu a alguém que passava na rua: "IDIOTAS! PENSAM QUE ISSO VAI DURAR PARA SEMPRE?...".